quarta-feira, 21 de março de 2012

Eu, Maria do Carmo. (texto para o jornal O Regional, de Águas de São Pedro)

Eu,Maria do Carmo

Águas de São Pedro foi o cenário perfeito para minha infância e adolescência, um tanto tumultuadas. Altura e medidas fora do padrão para a época, eu tinha altos complexos pelos meus 1,78m e 57kg ,que hoje tornaram-se medidas de top model.
 Pau de vira tripa, girafa, coqueiro, eram os “elogios” que meus queridos colegas adoravam me fazer e que ajudaram a pensar seriamente que a minha felicidade dependeria de uma fatia a menos nas pernas ou no pescoço.
Como isto era meio impossível tornei-me uma adolescente insegura por achar-me feia e magricela, rainha da timidez e ansiedade, comedora de unhas. Adorava ficar sozinha pelos bosques que rodeavam minha casa, encantada com o emaranhado dos mil tipos de vegetação aos pés dos eucaliptos, mil coisinhas se mexendo pelo mato, podendo ser pássaros ou cobras, não importava, eu não tinha medo.
Tudo fazia parte da minha vida tal como nadar no Araquá, subir pelos barrancos e todos os tipos de árvores, correr horas a cavalo pelos campos e estradas, roubar mexerica no vizinho. Comer manga verde com sal até os lábios ficarem adormecidos, doce de jaracatiá, até ter dor de barriga.
Ah! Que delicia de quintal o nosso! Caju, amora, nêspera, morango... Cenário perfeito para as brincadeiras que inventávamos. Quem?Meus irmãos e eu, mais vizinhos e amigos. Brincávamos de circo cujo numero mais emocionante era minha especialidade: ficar de cabeça para baixo num dos galhos da goiabeira, sem segurar em nada, até o dia em que eu e o galho nos esborrachamos no chão! Inventávamos toda sorte de loucuras até mesmo atravessar descalços sobre brasas acesas de uma fogueira, em pleno dia de Santo Antonio, na pensão dos Feijó.
 Meu pai, Armando Brandini, fora varias vezes prefeito da cidade e as campanhas eram uma festa só. Era um homem doce e carinhoso com todos, comigo inclusive, porém tinha ataques de fúria só de imaginar que eu pudesse estar paquerando com algum coleguinha. E estava mesmo. Gustavo Teixeira (a estatua,é claro) é testemunha dos olhares e suspiros pois namorar não passava disto. Mais tarde, um beijinho ou outro já era um grande atrevimento.
Nós estudávamos em São Pedro e a Escola era o centro de nossas vidas. As aulas eram um acontecimento, tão criativo éramos para a farra! Os desfiles até hoje são motivo de muitas risadas na família quando vemos minhas fotos vestida de Deusa Grega ou de Estatua da Liberdade, agarrada num cano fixo sobre um carro alegórico, algumas das invenções da nossa querida Catarina ou do Professor Jussiê, certamente.
Enfim cumpri direitinho o roteiro para o qual fui criada. Casei aos 18, tive 3 filhas e cansada de lavar e passar fraldas fui terminar os estudos. Formei-me em Design de Interiores, profissão que exerço até hoje.
Como a vida dá muitas voltas moro novamente em Águas. Continuo me metendo em tudo e começo hoje, neste jornal, uma coluna quinzenal cujo assunto é “Falando de Mulheres”. Eu adoro escrever, o Marino gostou da ideia e, eu espero, que vocês também gostem. Continuo escrevendo minha estória e tenho muito, mas muito carinho por todos que participaram ou ainda participam dela.

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